Como aplicar e conduzir a anamnese farmacêutica?

A anamnese farmacêutica é um processo de interação entre o farmacêutico e o paciente em que se realiza uma entrevista para a recomendação de um medicamento.

Assim, o profissional que trabalha na farmácia contribui com os serviços de saúde, auxiliando na atenção a problemas menos graves, que podem ser resolvidos com o uso de medicamentos que não necessitam de prescrição médica.

Se você quer saber como é o trabalho desses profissionais, continue a leitura deste texto. Vamos explicar como os farmacêuticos aplicam e conduzem suas anamneses.

O que é anamnese farmacêutica?

É uma entrevista conduzida por um farmacêutico com o objetivo de coletar os dados do paciente para  indicar um medicamento apropriado.

Este tipo de atendimento serve para tratar dos problemas de saúde autolimitados, isto é, transtornos menores que não precisam de encaminhamento a um médico.

Neste sentido, recomenda-se o uso de medicamentos que não precisam de prescrição médica para resolver as queixas do paciente .

Por isso, na maioria dos casos, estes fármacos se relacionam mais ao alívio de sintomas do que propriamente à cura de uma doença.

Caso o farmacêutico identifique sinais que precisam de atenção especializada, ele deve encaminhar o paciente à assistência médica, ou seja, a anamnese farmacêutica também serve para promover o bem estar e a qualidade de vida conforme o relato do paciente.

Neste caso, indicando as medidas de autocuidado o que inclui o uso de dispositivos para monitorar a própria saúde, como termômetro, balança, aparelho de pressão, oxímetro, etc. 

Assim como cuidados relativos à nutrição que pode ser melhorada por meio de suplementação alimentar.

Anamnese farmacêutica x automedicação 

A automedicação é um comportamento perigoso que os pacientes têm ao buscar um alívio imediato para os sintomas. Isso porque utilizar um medicamento da forma errada ou ainda com uma combinação inadequada de substâncias pode levar a graves consequências. Algumas delas incluem:

• Agravamento da doença;
• Intoxicação;
• Reações alérgicas;
• Dependência química.

Em 2019,  o Conselho Federal de Farmácia (CFF), conduziu uma pesquisa junto ao Instituto Datafolha que mostrou que 47% dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês.

Sendo que outros 25% tomam medicamentos por conta própria todos os dias, ou pelo menos uma vez por semana. 

Talvez o dado mais impressionante dessa pesquisa seja o alto uso de antibióticos que apresentou uma taxa de 42% de uso.

O uso indiscriminado de antibióticos é potencialmente perigoso para a população como um todo, uma vez que as bactérias começam a ficar resistentes a esses medicamentos. Desse modo, corremos o risco de desenvolver uma bactérias difíceis de combater.

Além desses riscos, a automedicação irracional também prejudica o processo de diagnóstico no momento em que o paciente finalmente procura o médico. 

Isso porque,  com o alívio momentâneo dos sintomas, o profissional não consegue avaliar o quadro clínico como um todo.

Em alguns casos, o paciente fica resistente aos medicamentos de modo que os tratamentos deixam de ter efeito. Neste sentido, a anamnese farmacêutica auxilia a promover o uso racional dos medicamentos, pois é uma forma de orientar os cuidados do paciente nos casos agudos e de baixa gravidade.

Como aplicar a anamnese farmacêutica?

O farmacêutico aplica a anamnese em um contexto menos formal que o médico, entretanto, isto não quer dizer que não exista um padrão para aplicá-la.

Geralmente, a entrevista acontece quando o paciente chega até a farmácia sem saber exatamente o que precisa comprar e aí que o farmacêutico precisa utilizar uma técnica muito parecida com a anamnese médica. A diferença, é que a entrevista na farmácia não gera um diagnóstico.

Ele deve conduzir o paciente até um local mais reservado e aplicar a anamnese com profissionalismo, evitando dar exemplos pessoais e manifestar opinião para que o foco seja na situação clínica.

Deve-se investigar os problemas de saúde mais frequentes, mas ao mesmo tempo considerar a vida da pessoa. Suas relações sociais, familiares, etc, para extrair um resultado mais preciso da anamnese.

As farmácias que aplicam a anamnese melhoram bastante a experiência dos pacientes, acolhendo suas necessidades de forma mais personalizada.

Algumas, inclusive, ajudam os pacientes a inserir os medicamentos em sua rotina criando tabelas ou indicando aplicativos com o recurso de lembretes de horários.

Como conduzir a anamnese farmacêutica? 

A condução da anamnese farmacêutica acontece seguindo as seguintes etapas:

1. Identificação do paciente

Aqui o farmacêutico anota o nome do paciente e observa suas principais características, como gênero e idade, assim como aspectos mais subjetivos como seu estado de saúde aparente. 

Isto é, se o paciente aparenta ter:

• Boa nutrição;
• Boa higiene pessoal;
• Se ele se expressa com facilidade;
• Se tem dificuldade em falar ou andar.

2. Natureza dos sintomas

Em seguida, começa a investigação sobre a queixa principal do paciente e a história da doença atual. 

Ou seja, quando começou? Qual a intensidade e gravidade dos sintomas? Em que região do corpo eles se manifestam?

Os farmacêuticos também costumam perguntar se o paciente já iniciou algum tipo de tratamento. Isso porque, eles costumam ir até a farmácia após ter passado por um tratamento que não deu resultado.

Ao fazer essa pergunta, o profissional da farmácia entende se é adequado recomendar um medicamento ou se deve encaminhar a um médico.

3. Identificação de comorbidades

O paciente também deve informar se sofre de alguma comorbidade ou doença crônica. É importante verificar se ele está utilizando algum tipo de medicamento.

Estas perguntas podem alterar completamente as recomendações do farmacêutico. Por exemplo, pessoas com hipertensão não podem utilizar um descongestionante nasal sistêmico, pois ele pode elevar a pressão arterial.

Além das comorbidades, existem outras condições que o farmacêutico deve considerar. Isto é, se a pessoa tem alergias, é atleta, está grávida ou em lactação.

As situações socioeconômicas da pessoa também podem alterar as recomendações do farmacêutico.

Depois de realizar este passo a passo, o farmacêutico finalmente recomenda o medicamento mais adequado para o caso do paciente.

A anamnese farmacêutica deve ser feita em consultório? 

De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a farmácia deve prover um consultório ou outro lugar adequado para garantir a privacidade do paciente.

Portanto, a farmácia não precisa ter, necessariamente, um consultório para fazer a anamnese farmacêutica.

Contudo, a quantidade de farmácias que possuem uma sala dedicada aos atendimentos vem aumentando no Brasil.

Conforme a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), existem 2,9 mil farmácias com consultórios em operação, além disso, mais de 8 mil farmacêuticos realizam esse atendimento.

Esses números são bastante positivos, se pensarmos na importância do trabalho dos farmacêuticos em combater a automedicação irracional que é tão comum no Brasil, como vimos anteriormente.

A importância do acompanhamento pós anamnese 

É importante acompanhar o paciente após a anamnese para se certificar de que ele entendeu todas as informações sobre o tratamento recomendado.

Ou seja, se ele está fazendo o uso do medicamento nos horários corretos e com a posologia recomendada.

Além disso, é recomendado verificar se houve alterações visíveis na saúde do paciente. Isso porque, em caso de agravamento, o paciente deverá ser conduzido ao atendimento médico.

Como pudemos ver neste texto, o processo de anamnese farmacêutica ajuda a promover os cuidados com a saúde, combatendo a automedicação irracional que é tão comum em nosso país.

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