Você conhece o guia Calgary-Cambridge de comunicação com o paciente? Aprenda o método!
Não há dúvidas de que a boa comunicação é um dos segredos para o sucesso do relacionamento entre médicos e pacientes. Uma interação saudável promove o bem-estar e confiança, por isso, foi estruturado um modelo para construir relações positivas no ambiente médico, chamado de Guia Calgary-Cambridge.
O guia fornece aos profissionais de saúde orientações e roteiros conversacionais que transformam as interações com os pacientes em uma estratégia para acolher e atender melhor, o que amplia as chances de fidelização e contribuem para a construção de uma relação respeitosa.
Neste artigo, mostraremos o que é e como surgiu o Guia Calgary-Cambridge. Falaremos também sobre a sua importância, objetivos, benefícios e estrutura.
Boa leitura!
O que é e como surgiu o Guia Calgary-Cambridge?
Explicando de maneira simples, o Guia Calgary-Cambridge é um modelo estruturado de comunicação clínica desenvolvido para melhorar a comunicação entre médicos e pacientes.
Sua aplicação é abrangente e se enquadra nas mais diversas interações entre profissionais de saúde e as pessoas atendidas, contudo, ele é especialmente aplicado no contexto de cuidados primários de saúde e educação médica.
O guia foi criado de forma colaborativa pelas universidades de Calgary (no Canadá) e de Cambridge (no Reino Unido).
Na prática, o Guia Calgary-Cambridge é uma abordagem centrada no paciente - fazendo dele o centro da comunicação.
Isso fica evidente durante a leitura do material, que enfatiza a importância de ouvir atentamente, compreender as preocupações e envolver pacientes no processo de tomada de decisão.
Em resumo, o guia oferece os seguintes benefícios:
- Divide a interação médico-paciente em etapas claras, fornecendo orientações específicas para cada uma delas;
- Enfatiza a importância de compreender as preocupações e expectativas do paciente, bem como fornecer informações de maneira clara e compreensível;
- Ajuda os profissionais a reconhecerem que cada paciente é único e tem necessidades individuais;
- Oferece orientações para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, como empatia, escuta e comunicação não verbal;
- Pode ser utilizado em programas de educação médica para ensinar estudantes de medicina e profissionais de saúde a melhorar suas habilidades de comunicação.
A importância da comunicação médico-paciente para a atenção em saúde
A comunicação desempenha um papel essencial nos tratos do médico junto ao paciente. Por isso, é considerada uma das habilidades mais importantes que um profissional de saúde pode desenvolver.
Por meio de um diálogo empático e respeitoso se constrói uma relação de confiança. Quando os pacientes confiam em seus médicos, se tornam mais propensos a compartilhar informações honestas e seguir as orientações médicas.
Na prática, os pacientes que compreendem suas condições de saúde e as recomendações recebidas têm mais tendência a aderir e seguir à risca o tratamento prescrito.
O resultado dessa postura se reflete na recuperação, afinal, ao seguir as orientações recebidas com disciplina, há tendência de resultados efetivos no tratamento.
Objetivos e benefícios da aplicação do modelo na entrevista médica
A aplicação do Guia Calgary-Cambridge na entrevista médica tem como objetivo principal melhorar a qualidade das interações.
Dessa maneira, a comunicação se torna mais eficaz, transparente, centrada no paciente e orientada para resultados positivos.
No quadro a seguir, os principais objetivos e benefícios do guia.
Objetivos da Aplicação do Modelo Calgary-Cambridge |
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Benefícios da Aplicação do Modelo Calgary-Cambridge |
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Conhecendo a estrutura: Check-list de Calgary Cambridge
O Check-list de Calgary-Cambridge é uma estrutura que norteia a entrevista médica, dividindo-a em etapas específicas para melhorar a comunicação com o paciente. A seguir, exibimos um gráfico e explicamos sobre cada uma dessas etapas.
Iniciando a consulta
- Saudação e estabelecimento de Rapport – o médico inicia a consulta cumprimentando o paciente de forma amigável e respeitosa, criando uma atmosfera de confiança;
- Identificação do papel – o profissional identifica seu papel como agente da saúde e incentiva o paciente a compartilhar suas preocupações e expectativas.
Obtenção de informações
- História médica – é feita a coleta de informações detalhadas sobre o histórico médico do paciente, incluindo sintomas, problemas de saúde anteriores, tratamentos prévios e estilo de vida;
- Sintomas atuais – o profissional explora e se aprofunda na compreensão dos sintomas atuais, incluindo sua duração, gravidade e fatores desencadeantes.
Exame físico
Se necessário, é realizado um exame físico completo e apropriado, no qual o médico explica cada um dos processos de análise para deixar o paciente mais confortável.
Explicações e planejamento
- Comunicação clara – o médico fornece explicações claras sobre o diagnóstico, tratamento e prognóstico, usando linguagem acessível;
- Planejamento de tratamento – as opções de tratamento são debatidas com o paciente, levando em consideração suas preferências e valores.
Providenciando a quantidade e o tipo corretos de informação
Nessa etapa, o profissional de saúde fornece informações na quantidade e no formato adequados, considerando a capacidade de compreensão e as necessidades do paciente.
Ajudando a lembrança acurada e o entendimento
- Reforço da compreensão – o médico verifica se o paciente compreendeu as informações fornecidas, fazendo perguntas e incentivando-o fazer o mesmo;
- Uso de materiais de apoio – se apropriado, o médico pode usar materiais visuais ou escritos para ajudar na compreensão e na lembrança das informações.
Atingindo um entendimento compartilhado
- Tomada de decisões compartilhadas – o médico e o paciente trabalham juntos para tomar decisões sobre o plano de tratamento, levando em consideração as preferências e valores do paciente;
- Confirmação de acordo – ambos os lados confirmam seu acordo sobre o plano de tratamento e quaisquer instruções, garantindo entendimento compartilhado.
Planejamento: tomada de decisão compartilhada
O médico deve incentivar a pessoa a expressar suas preferências e preocupações. Juntos, eles devem chegar a uma decisão que leve em consideração os valores e objetivos do paciente.
Ao finalizar a consulta, o profissional precisa executar 2 procedimentos:
- Faz um resumo das principais discussões e decisões da consulta, destacando os próximos passos e o plano de tratamento;
- Encorajar o paciente a expressar quaisquer dúvidas ou preocupações adicionais.
Planejamento futuro
- Agendamento de consultas futuras – se necessário, o médico agenda consultas de acompanhamento, exames ou procedimentos, explicando os motivos e a importância desses próximos passos;
- Estabelecimento de expectativas – o médico e o paciente discutem o que esperar no futuro, incluindo qualquer possível progressão da condição médica, bem como as metas do tratamento.
Reforçando os pontos necessários para o fechamento
- Revisão das instruções – o médico reforça instruções ou recomendações importantes que foram discutidas durante a consulta, garantindo que o paciente compreenda o que deve fazer a seguir;
- Confirmação do acordo – o médico e o paciente confirmam novamente seu acordo sobre o plano de tratamento e quaisquer ações específicas envolvidas neste processo;
- Despedida e agradecimento – a consulta é finalizada com uma despedida cordial e um agradecimento ao paciente por sua participação e colaboração;
- Revisão das instruções – o médico reforça instruções ou recomendações importantes que foram discutidas durante a consulta, garantindo que o paciente compreenda o que deve fazer a seguir;
- Confirmação do acordo – o médico e o paciente confirmam novamente seu acordo sobre o plano de tratamento e quaisquer ações específicas envolvidas neste processo;
- Despedida e agradecimento – a consulta é finalizada com uma despedida cordial e um agradecimento ao paciente por sua participação e colaboração.
Tarefas longitudinais: Estruturando a consulta e construindo relacionamento
As tarefas longitudinais, de acordo com o modelo de Calgary-Cambridge, são fundamentais para estruturar a consulta médica e construir um relacionamento sólido ao longo do tempo.
Essas tarefas ajudam a garantir que a assistência médica seja centrada no paciente, abrangente e eficaz. Abaixo, mostramos as tarefas longitudinais em conformidade com o modelo de Calgary-Cambridge:
1. Estabelecendo e mantendo um relacionamento contínuo
Desde o início, o médico deve estabelecer um relacionamento de confiança e empatia com o paciente. A relação positiva deve ser mantida ao longo de todas as interações, criando uma base sólida para a comunicação.
2. Coleta de informações atualizadas
A cada consulta, o médico deve coletar informações atualizadas sobre a saúde do paciente, incluindo histórico médico, sintomas atuais e quaisquer mudanças significativas desde a última visita.
3. Monitoramento de condições crônicas
Para pacientes com condições crônicas, é necessário monitorar continuamente o estado de saúde, avaliar o progresso do tratamento, fazendo ajustes conforme necessário.
4. Revisão de resultados anteriores
O médico deve revisar resultados anteriores de exames, testes ou tratamentos explicando quaisquer alterações, melhorias ou desafios e discutindo as implicações.
5. Planejamento de tratamento a longo prazo
Juntamente com o paciente, o médico deve planejar o tratamento a longo prazo, estabelecendo metas realistas e estratégias para alcançá-las ao longo do tempo.
6. Educação continuada do paciente
É necessário fornecer educação contínua ao paciente sobre sua condição de saúde, tratamentos, medidas preventivas e mudanças no estilo de vida, promovendo a autonomia e o conhecimento da pessoa atendida.
7. Avaliação da qualidade de vida
Periodicamente, o médico deve avaliar a qualidade de vida do paciente, levando em consideração aspectos físicos, emocionais e sociais, e ajustar o tratamento de acordo com essas avaliações.
8. Discussão de planejamento antecipado de cuidados
Para pacientes com doenças crônicas ou graves, o médico deve iniciar discussões sobre planejamento antecipado de cuidados, incluindo cuidados paliativos e decisões sobre o final da vida, se aplicável.
9. Promoção da adesão ao tratamento
O médico deve trabalhar com o paciente para garantir a adesão ao tratamento, identificar quaisquer objeções e fornecer suporte para superá-las.
10. Comunicação aberta e respeitosa
A comunicação ao longo do tempo deve ser aberta, respeitosa e centrada no paciente, permitindo que ele se sinta ouvido e envolvido nas decisões relacionadas à sua saúde.
Com certeza, o Guia Calgary-Cambridge é um aliado na boa prática médica. Ao seguir as orientações alistadas, os profissionais da saúde conseguirão oferecer o melhor tratamento e relacionamento para os seus pacientes.
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Perguntas frequentes:
O que é o guia Calgary Cambridge?
O guia Calgary-Cambridge é uma estrutura de comunicação médico-paciente amplamente reconhecida e criada de forma colaborativa pelas universidades de Calgary (Canadá) e de Cambridge (Reino Unido).
Quais as etapas de uma consulta médica segundo o guia?
O guia define as etapas de uma consulta médica, incluindo: estabelecimento de rapport, coleta de informações, exame físico, explicação e planejamento, compartilhamento de informações, confirmação do entendimento e encerramento da consulta.