Você conhece o protocolo de Manchester? Sabia que ele é uma das melhores formas de gerenciar a prioridade do atendimento em uma unidade de saúde?
Neste post, você vai entender o que é a metodologia, quais são seus benefícios e as suas classificações de risco.
Além disso, trouxemos um passo a passo sobre como implementá-la na sua instituição. Continue a leitura!
O protocolo de Manchester é um método de triagem de pacientes que os classifica de acordo com a gravidade do seu quadro clínico.
Assim, as pessoas com problemas que representam risco de vida são atendidas primeiro.
Desse modo, mesmo que um paciente com dor de cabeça forte chegue na unidade de saúde primeiro, outro com as vias respiratórias obstruídas deverá ser atendido primeiro.
Em alguns casos mais urgentes, o atendimento precisa ser realizado imediatamente. Em outros, ainda há tempo para fazer alguma preparação, como trazer uma maca.
O protocolo de Manchester recebeu este nome por causa da cidade onde foi criado. Ele é resultado do trabalho colaborativo de médicos e enfermeiros de 9 (nove) hospitais de Manchester, no Reino Unido, entre 1994 e 1995.
No Brasil, a metodologia foi usada pela primeira vez em 2008, no estado de Minas Gerais.
Hoje, este sistema de classificação de risco é um dos mais utilizados no mundo, devido à sua abrangência e capacidade de triagem.
O uso do protocolo de Manchester é importante para que os atendimentos sejam feitos no tempo que os pacientes realmente precisam.
Em um hospital que recebe muitos pacientes, por exemplo, é fundamental ter um critério claro sobre quem deve ser atendido primeiro.
Desse modo, a fila de atendimento se torna mais organizada, ao mesmo tempo em que atende a todos conforme as suas necessidades.
Além disso, o processo de atendimento fica mais previsível, facilitando o controle e a avaliação do desempenho da equipe.
Há inclusive, como veremos mais adiante, meios específicos para auditar e analisar a aplicação dessa metodologia.
Classificações do protocolo de Manchester
O protocolo de Manchester classifica os pacientes por meio de uma tabela de cores, em que cada cor representa o nível de gravidade dos sintomas. Confira a seguir:
Ao realizar a triagem conforme o protocolo de Manchester, é preciso de equipamentos para avaliar as condições dos pacientes. Eles são os seguintes:
De acordo com a resolução Nº 661/2021 do Conselho Federal de Enfermagem, a função de classificação de risco e priorização é privativa do enfermeiro.
No entanto, o protocolo é mais abrangente e inclui os médicos em sua capacitação, pois eles podem atuar como auditores.
Para executar o protocolo de Manchester, o profissional deve ter realizado um curso de capacitação específica para este sistema.
Além disso, para que os pacientes sejam atendidos com segurança, o enfermeiro em questão deve conseguir realizar os procedimentos com agilidade.
A ideia é atingir um tempo médio de 4 (quatro) minutos para cada classificação, com um limite de quinze classificações por hora.
Vale destacar que a instituição deve oferecer toda a infraestrutura adequada para que o enfermeiro cumpra esta função.
Isto é, ele precisa de um consultório em boas condições e de todos os equipamentos mencionados anteriormente.
Confira agora, o passo a passo da aplicação do protocolo de Manchester:
Assim que o paciente chega a uma unidade de saúde, ele precisa ser imediatamente avaliado. O primeiro passo é aferir os seus sinais vitais.
Em seguida, deve-se identificar os seus sintomas, começando com a queixa principal do paciente. A partir dela, o enfermeiro faz uma série de perguntas a fim de classificar a gravidade do seu quadro.
O protocolo de Manchester possui critérios específicos para conduzir a investigação sobre os riscos. Logo, o profissional pode usar um dos 55 fluxogramas que o sistema apresenta.
Por exemplo, existem opções para casos de alergia, cefaléia, auto-agressão e assim por diante.
Depois de registrar essas informações no prontuário, o enfermeiro define a classificação de risco em que o paciente está.
Então, o paciente recebe uma pulseira com a cor referente ao seu grau de urgência.
De acordo com o Grupo Brasileiro de Classificação de Risco (GBCR), é preciso seguir 5 (cinco) passos para implementar o protocolo de Manchester em uma instituição de saúde. Confira abaixo:
O primeiro passo para implementar a metodologia é conscientizar a equipe a respeito da necessidade de um processo padrão para classificar o risco na gestão de urgências.
O GBCR orienta a realização de uma palestra para mostrar a importância deste método. Deverão estar presentes neste evento:
A apresentação aborda os conceitos sobre a estrutura e gerenciamento do protocolo de Manchester nos serviços de urgência e emergência. Também contempla uma discussão com os participantes para refletir sobre temas relacionados:
O GBCR oferece o curso para certificação dos profissionais como classificadores do protocolo de Manchester.
Trata-se de um curso de imersão que possui aulas teóricas e estudos de casos clínicos. A duração é de 8 (oito) horas e é preciso participar integralmente.
O curso pode ser feito na modalidade presencial ou online. No entanto, as cargas horárias são diferentes. O primeiro é de 8 (oito) horas, e o segundo de 30.
Para receber a certificação como classificador do protocolo de Manchester, o aluno deve fazer uma avaliação e atingir, no mínimo, 60% de aproveitamento.
O GBCR é o responsável pela emissão do certificado, que possui validade internacional e deve ser revalidado quando houver atualização no protocolo.
Os alunos reprovados no curso podem realizá-lo novamente após 30 dias.
Entre 1 (um) e 2 (dois) meses depois do início da implementação do protocolo, a GBCR orienta o acompanhamento presencial de um tutor na instituição.
Nesta etapa, a empresa deve selecionar um dos profissionais certificados para receber o consultor.
Assim, ele pode tirar suas dúvidas, ao mesmo tempo em que o tutor verifica se há alguma inconformidade na aplicação do protocolo.
A carga horária do acompanhamento poderá ser de 8 (oito) a 16 horas, de acordo com a complexidade e a demanda do negócio.
Após 30 dias desse processo, o GBCR apresentará à direção da organização um relatório com as observações e sugestões de melhoria.
O curso de capacitação para auditores internos serve para sistematizar as orientações, além de padronizar a metodologia do protocolo e a sua própria execução.
O curso para auditores também é de imersão e tem carga horária de 6 (seis) horas. Ele pode ser realizado presencialmente ou online.
Os participantes precisam ter o certificado de classificador para fazer o curso de auditor. Os critérios de aprovação são os mesmos.
A composição da equipe de auditoria em uma instituição deve conter, no mínimo, um enfermeiro e um médico.
Para garantir a qualidade da aplicação do protocolo de Manchester, o GBCR recomenda que as auditorias sejam feitas mensalmente.
Por fim, a implementação do protocolo de Manchester exige a realização de uma auditoria externa para acompanhar essa atividade ao longo do tempo.
A auditoria externa é feita por profissionais credenciados, como formadores de auditores, e a equipe deve ser composta por 3 (três) profissionais, sendo que um deles precisa ser médico.
Este processo acontece em 1 (um) dia útil de trabalho e tem como objetivo avaliar se os resultados do método atendem aos requisitos pré-estabelecidos.
Além da auditoria externa, a unidade de saúde pode ser avaliada para receber um selo de qualidade. Ele será concedido à instituição após um processo de qualificação do GBCR.
Isso acontece através de padrões de desempenho focados na educação dos profissionais que aplicam o protocolo de Manchester.
De acordo com o que foi observado na avaliação, a instituição pode receber 3 (três) níveis de qualificação:
O uso do protocolo de Manchester torna o atendimento dos serviços mais eficaz. Em um hospital com grande fluxo de pacientes, isso traz muitos benefícios para o gerenciamento dos atendimentos.
Em muitos casos, o tempo de resposta é essencial para salvar uma pessoa. Logo, ter um sistema que prioriza o atendimento de quadros graves é um dos fatores mais relevantes para reduzir a ocorrência de óbitos.
Ao organizar a demanda seguindo os critérios de gravidade, as unidades de saúde podem encaminhar os casos menos urgentes para outras instituições. Isso evita que as salas de espera fiquem lotadas.
Como o protocolo de Manchester é baseado em uma rotina de fluxogramas específicos, os atendimentos são realizados da mesma forma. Assim, a avaliação das condições do paciente é mais precisa e a triagem eficiente.
Com um critério de priorização bem objetivo, os pacientes estarão mais seguros. Afinal, o protocolo foi elaborado e validado cientificamente.
Assim, os profissionais que realizam a triagem não dependem apenas da sua própria experiência. Eles contam com um suporte seguro para basear suas decisões.
O sistema de classificação também melhora a satisfação dos pacientes. Isso porque o tempo de espera é um dos fatores mais relevantes para eles.
Ter uma estimativa de quanto tempo ele terá de esperar ajuda a diminuir boa parte da sua ansiedade. O fato de ter essa informação já aumenta consideravelmente a sua satisfação.
Esses são só alguns dos benefícios do protocolo de Manchester. Além de ser muito importante para salvar vidas, ele melhora a organização da clínica ou consultório.
Agora que você já conhece mais uma forma de melhorar a sua gestão, que tal aprender tudo sobre administração de clínicas?
Baixe agora nosso e-book com dicas essenciais para os administradores de clínicas e potencialize o desempenho do seu negócio!
É um sistema de triagem que organiza o atendimento dos pacientes de acordo com seu nível de urgência.
Por meio de um questionário padrão, selecionado de acordo com a queixa principal do paciente. Este recebe uma pulseira colorida, representando o grau da urgência. Cada cor determina o máximo de tempo que o paciente pode esperar.
Redução do número de óbitos, menos lotação nas unidades de saúde, padronização do atendimento, mais segurança aos pacientes e satisfação.