Como identificar e tratar a síndrome do jaleco branco?
A síndrome do jaleco branco é um problema mais comum do que se imagina. Portanto, é preciso ficar atento aos sintomas e saber como amenizar a situação caso um de seus pacientes sofra dessa doença.
Continue a leitura deste post para entender mais detalhes sobre a condição, suas causas e como diagnosticá-la.
Além disso, falaremos sobre como lidar com o transtorno nos seus atendimentos. Confira!
O que é síndrome do jaleco branco?
Também conhecido como hipertensão do jaleco branco, é o medo irracional que algumas pessoas têm quando precisam consultar um médico.
Trata-se de um transtorno psicológico classificado na categoria de fobia.
Como tal, a reação da pessoa é desproporcional à situação em si. Seu medo é tão grande que ela não consegue sequer controlar o seu próprio corpo.
Sendo assim, mesmo que a pessoa saiba que o médico não representa perigo algum, ela sofre com crises de ansiedade e outros sintomas cada vez que precisa encontrá-lo.
Existem diversos elementos que podem ser gatilhos para desencadear os sintomas. Eles podem ser a própria figura do médico ou enfermeiro, mas também instrumentos, objetos e ambientes que remetem ao atendimento.
O medo do médico geralmente é associado às crianças, que choram durante as consultas e têm medo de injeções ou tomar remédios.
No entanto, a verdade é que a síndrome do jaleco branco afeta a pacientes de todas as idades, independente do seu grau de instrução.
Embora não haja uma pesquisa ampla sobre a prevalência da condição no Brasil, estudos mais localizados apontam que de 10% e 40% das pessoas sofrem com este problema.
Por isso, é importante conhecer o problema, tanto para diagnosticar o paciente como para saber lidar com essa situação, caso ela ocorra em sua clínica.
O que causa a síndrome do jaleco branco?
É difícil estabelecer uma causa específica para a síndrome, pois ela pode surgir devido a um conjunto de fatores.
Geralmente, as causas envolvem eventos traumáticos no passado do paciente que estão relacionados com o atendimento médico.
As fobias costumam persistir ao longo do tempo quando os traumas ocorrem na infância. No entanto, elas também podem começar em pessoas no início da vida adulta.
Alguns dos eventos que podem desencadear a síndrome do jaleco branco incluem:
- Notícias de sérios problemas sobre sua saúde ou de pessoas próximas;
- Perda de um familiar em um ambiente hospitalar;
- Intervenções mal sucedidas;
- Erros na administração de medicamentos;
- Experiência de erro médico, como esquecimento de material dentro do corpo.
Além das vivências negativas no atendimento médico, existem outras causas que podem contribuir para o surgimento da síndrome.
Entre elas, podemos citar o fator cultural. Ou seja, o sensacionalismo da mídia ao divulgar notícias sobre más práticas e falhas médicas.
Desse modo, o contato com histórias de outras pessoas, sejam elas próximas do paciente ou não, podem se somatizar até gerar a fobia.
Outra causa específica ocorre com as pessoas dependentes de substâncias químicas.
Neste caso, a resistência em abandonar o vício e a identificação do médico como uma figura de autoridade podem ser fatores para o surgimento do transtorno.
Principais sintomas da síndrome do jaleco branco
O principal sintoma da síndrome do jaleco branco é a hipertensão pontual.
Ou seja, o paciente apresenta o aumento da pressão arterial apenas quando está na presença de um profissional da saúde ou em um ambiente médico. Já ao medir a pressão em casa, ele obtém uma leitura normal.
Os demais sintomas são os mesmos que as pessoas com fobias geralmente sofrem. Eles incluem reações físicas e psicológicas como:
- Tremores;
- Tontura;
- Náuseas e ânsia de vômito;
- Tensão muscular;
- Suor frio;
- Ansiedade;
- Agitação;
- Ataque de pânico.
Eles aparecem durante a consulta, mas logo diminuem após a pessoa se retirar do local.
Como identificar a síndrome do jaleco branco?
O principal modo para identificar a síndrome do jaleco branco é fazendo a medição da pressão arterial durante a consulta e compará-la com o valor obtido na casa do paciente.
Assim, se o paciente apresentar um valor maior que 140/ 90 mmHg na consulta, mas na leitura em casa obtiver valores normais, é muito provável que ele sofra da síndrome.
Para ter certeza do diagnóstico, é preciso fazer estas medições no mínimo 3 (três) vezes seguidas com o mesmo resultado.
Há algumas ferramentas que podem ajudar neste processo. Por exemplo, a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) oferece uma visão mais profunda sobre o quadro clínico do paciente.
Nela, o médico instala um aparelho no braço do paciente, que faz medições a cada 15 minutos durante 24h.
Desse modo, o médico pode saber como a pressão do paciente se comporta em diversos ambientes da clínica ou hospital.
O que a síndrome do jaleco branco pode desencadear?
Apesar dos sintomas serem restritos a uma situação em específico, a síndrome do jaleco branco pode desencadear uma série de problemas no paciente.
Em alguns casos, ele sente tanto medo que evita buscar o atendimento médico.
Logo, os cuidados com sua saúde ficam comprometidos, pois se torna impossível receber um diagnóstico precoce - que é fundamental para o sucesso do tratamento.
A pessoa adia a consulta até onde consegue suportar. Isto, é claro, leva ao agravamento da doença que o paciente esteja sofrendo.
Além disso, as pessoas com síndrome do jaleco branco podem desenvolver um quadro de hipocondria. Ou seja, elas associam o medo de ir ao médico a ficar doente. E assim, começam a pensar que qualquer reação em seu corpo é o sintoma de uma doença.
Como consequência, a pessoa começa a se automedicar, o que pode ser muito nocivo para sua saúde.
Como tratar a síndrome do jaleco branco?
O tratamento da síndrome do jaleco branco pode variar de acordo com a intensidade dos sintomas do paciente. No entanto, o mais recomendado é encaminhá-lo a um psicólogo.
Este profissional vai investigar junto ao paciente as causas do problema para iniciar a terapia mais adequada. Isso pode envolver sessões de análise, hipnose, técnicas de relaxamento, terapia em grupo e assim por diante.
Para que o paciente continue o tratamento é preciso adotar algumas estratégias. Assim, a principal envolve a remoção dos elementos que são gatilhos para as crises de ansiedade.
Neste sentido, você pode fazer o atendimento dispensando o uso do jaleco branco, por exemplo. A decoração também pode ser pensada para tornar o ambiente mais acolhedor, sem remeter tanto à profissão.
Se esta abordagem não funcionar, você pode realizar consultas à distância por meio de um software de telemedicina até o paciente se sentir confortável para voltar à clínica.
Estas estratégias, em conjunto com o acompanhamento psicológico, são essenciais para que as pessoas com a síndrome continuem a receber os devidos cuidados médicos.
Pensar na síndrome do jaleco branco mostra como é importante que os profissionais da saúde adotem um atendimento humanizado.
Proporcionar um ambiente confortável em um momento no qual as pessoas estão mais fragilizadas é essencial para que sua experiência não seja traumática.
Esta prática pode evitar uma parte significativa dos casos de síndrome do jaleco branco.
É claro que, para desenvolver o atendimento humanizado, você precisa de mais tempo. No entanto, sabemos como a rotina de uma clínica pode ser corrida. Sendo assim, é fundamental aproveitar melhor o seu tempo e da sua equipe.
Uma forma de colocar isso em prática é por meio da padronização de processos.
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Perguntas frequentes:
O que é síndrome do jaleco branco?
É um medo irracional de médicos, além de ambientes e objetos relacionados à medicina, que as pessoas desenvolvem a partir de situações traumáticas envolvendo os serviços de saúde.
Como identificar a síndrome do jaleco branco?
É preciso comparar a pressão arterial do paciente medida no consultório e realizada em casa. Se ele apresentar a pressão superior a 140/ 90 mmHg na consulta e depois normal em casa, é um indício de síndrome do jaleco branco.
Como tratar a síndrome do jaleco branco?
É aconselhado o acompanhamento psicológico para investigar as causas do problema e recomendar uma terapia que faça sentido para o paciente. Ela pode ser a psico análise, hipnose, técnicas de relaxamento, terapia em grupo etc.