03 Março 2022

Como contribuir com a saúde da mulher e incentivar os principais cuidados?

A saúde da mulher precisa de um cuidado sistemático e constante, devido às diversas mudanças que ocorrem durante a sua vida.


Além disso, existem inúmeros fatores de riscos aos quais a mulher está mais exposta e que demandam uma atenção especial.


Mesmo que você não seja ginecologista ou obstetra, é importante saber como contribuir para a saúde da mulher. Por isso, continue a leitura deste texto e confira algumas dicas para aplicar em sua clínica!


Sobre a saúde da mulher no Brasil


A história da saúde da mulher evoluiu muito no Brasil, principalmente depois dos anos 1980 com a atuação do movimento feminista. Antes a saúde da mulher estava ligada apenas aos cuidados no período da gestação e parto, como veremos a seguir.


A elaboração das políticas públicas de saúde da mulher teve início nas primeiras décadas do século XX. 


Todavia, os programas desenvolvidos entre as décadas de 1930 e 1970 tinham uma visão limitada, atribuindo apenas no papel social da mulher os cuidados domésticos e saúde dos filhos.


Nos anos 1950, por exemplo, as medidas de combate à desnutrição e de planejamento familiar tinham como objetivo tornar as mulheres “mães melhores”.


A partir da década de 1980, estes programas foram fortemente criticados pelo movimento feminista, pois as mulheres só tinham acesso aos cuidados de saúde durante o ciclo de gravidez.


Ou seja, durante a maior parte de suas vidas as mulheres ficavam sem assistência à saúde.


Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM).


A atuação das mulheres na reivindicação dos direitos à saúde ajudou a mudar essa situação. Em 1984, o Ministério da Saúde criou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM).


O programa contava com medidas educativas, preventivas e de assistência às necessidades do perfil epidemiológico das mulheres.


Em 2004, o Ministério da Saúde apresentou novas diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM). 


Além dos dados epidemiológicos, os princípios tiveram como base as reivindicações dos movimentos sociais, focando na humanização e qualidade do atendimento.


Mais tarde em 2011, este programa passou por uma nova reforma com participação de diversos setores da sociedade, como:  


  • Movimento das mulheres;
  • Trabalhadoras rurais;
  • Movimento negro;
  • Sociedades científicas;
  • Gestores do SUS;
  • Organizações não governamentais;
  • Agências de cooperação internacional.


Dessa forma, o documento trouxe vários objetivos e diretrizes para melhorar a atenção à saúde da mulher. Dentre eles, podemos destacar:


  1. Promoção da melhoria das condições de vida das mulheres brasileiras por meio da garantia de seus direitos e da ampliação do acesso aos serviços de saúde;
  2. Redução da mortalidade feminina no país, em especial quando as causas são evitáveis;
  3. Ampliação, humanização e qualificação da atenção integral à saúde da mulher no âmbito do SUS.


5 cuidados importantes para a saúde da mulher 


1. Alimentação


Os cuidados nutricionais são fundamentais para o bom funcionamento do organismo e para a prevenção de doenças de risco para as mulheres.


Por exemplo, a ingestão de alimentos ricos em betacaroteno ajuda na prevenção do câncer de mama.


O controle do sobrepeso também é importante, pois é um fator de risco para problemas cardiovasculares, diabetes e para vários tipos de câncer.


2. Saúde mental


Os cuidados com a saúde mental também são de grande importância para a saúde da mulher, sobretudo pelas questões de gênero que não podem ficar de lado.


As mulheres também sofrem com oscilações hormonais que causam impactos psicológicos, como a labilidade que é a mudança rápida de humor.


3. Métodos contraceptivos


Outro cuidado é em relação aos métodos contraceptivos que são classificados em métodos de barreira e métodos hormonais.


A adesão de um tipo ou de outro dependerá das condições de saúde da mulher, pois os métodos hormonais apresentam algumas contraindicações e efeitos adversos.


Por exemplo, a pílula hormonal não é indicada para mulheres com histórico clínico de pressão arterial elevada, câncer endometrial ou de mama e problemas de fígado.


4. Cuidados durante a gestação


A gestação é um período em que a mulher precisa de um acompanhamento médico constante, em especial nos primeiros três meses de gravidez.


Durante este período todos os cuidados precisam ser redobrados para evitar problemas, pois as gestantes ficam mais propensas a alguns riscos, como anemia, prisão de ventre, diabetes, etc. 


5. Menopausa


O período da menopausa também requer cuidados, pois é a fase em que ocorre o declínio natural dos hormônios reprodutivos da mulher por volta dos 40 e 50 anos.


Esta mudança implica em alterações físicas e psicológicas que precisam ser acompanhadas por um médico para escolha de um tratamento dos sintomas.


Principais mudanças na saúde da mulher


Durante as diversas fases de sua vida, o corpo da mulher passa por mudanças. De modo que cada período demanda cuidados diferentes.


As principais mudanças ocorrem nos períodos da puberdade, gestação e menopausa.


Puberdade


A puberdade, que começa entre os 8 e 13 anos, é o período em que os hormônios como o estrogênio e a progesterona começam a ficar mais presentes, causando mudanças no corpo.


Nesta fase começa o amadurecimento sexual e a primeira menstruação. A partir de então é recomendado a visita regular ao ginecologista para o acompanhamento das mudanças hormonais.


Gestação


As mulheres em fase de gestação enfrentam muitas mudanças em seu corpo para gerar o bebê. 


Cada estágio da gestação apresenta modificações que precisam ser acompanhadas por um médico obstetra. Desde o início da gravidez, o sistema cardiovascular aumenta sua atividade progressivamente.


As mudanças mais visíveis ocorrem sobretudo, a partir da sexta semana de gravidez com o aumento dos seios e dos dutos de leite.


O crescimento do útero causa o aumento da pressão abdominal, o que pode causar o refluxo gastroesofágico e azia.


Nos últimos três meses de gravidez, a mulher também pode sentir falta de ar mais frequentemente, além da mudança no centro de gravidade que afeta sua postura.


Menopausa


Entre os 45 e 55 anos de idade, a mulher passa a produzir menos estrogênio e progesterona até que a menstruação cessa, encerrando o seu ciclo de fertilidade.


Um dos cuidados importantes neste período é sobre o risco de osteoporose, pois o estrogênio também é o hormônio responsável por levar o cálcio até os ossos. 


Por isso, o médico precisa avaliar a necessidade de suplementar o cálcio e a vitamina D, para evitar o enfraquecimento dos ossos.


Impacto do anticoncepcional na saúde da mulher


Os anticoncepcionais hormonais por via oral são os mais utilizados pelas mulheres brasileiras, de acordo com o Ministério da Saúde.


Contudo, é necessário a prescrição de um médico para avaliar se ele é o mais indicado, pois o impacto na saúde difere de organismo para organismo.


Em geral, a presença do hormônio nesses medicamentos causam impactos no metabolismo, na pele, no sistema cardiovascular e no ovário das mulheres.


Os efeitos no metabolismo dependem da dose e da potência do estrogênio e da progesterona presente na pílula. As reações mais comuns incluem:


  • Retenção de líquidos;
  • Dores nas mamas;
  • Náuseas.


Por outro lado, o uso da pílula anticoncepcional também apresenta alguns benefícios para a saúde das mulheres como a regulação do ciclo menstrual, a diminuição de cólicas e até mesmo a prevenção de alguns tipos de câncer.


Além disso, a maioria dos efeitos adversos tendem a diminuir após um período de adaptação.


Saúde da mulher x Síndrome de Burnout


A síndrome de burnout é um esgotamento físico e psicológico associado a atividades profissionais muito intensas.


Nesse sentido, quem sofre dessa condição apresenta uma fadiga tão grande que sua capacidade de produzir física e intelectualmente reduz quase totalmente.


Os sintomas são parecidos com os da depressão e incluem:


  • Desânimo;
  • Diminuição da concentração;
  • Irritação;
  • Ansiedade;
  • Despersonalização.


Principalmente por causa das desigualdades entre os gêneros, a incidência da síndrome de burnout entre as mulheres é maior.


Isso porque ainda existem exigências, tanto no trabalho como em casa, ligadas a papéis de gênero atribuídos por uma tradição antiquada.


No trabalho, elas acabam acumulando mais funções do que as de seu cargo pelo simples fato de ser mulher.


Da mesma forma, os cuidados da casa e dos filhos ficam sob sua responsabilidade. Assim, esse acúmulo de funções leva a um esgotamento que causa grandes impactos na saúde da mulher.


Uma das dificuldades para os médicos que encontram pacientes com síndrome de burnout está em diagnosticar a condição, pois os sintomas são muito parecidos com os da depressão.


Contudo, trata-se de uma doença ocupacional que pode justificar o afastamento da profissional para o tratamento da condição.


Por isso, diante desses sintomas é preciso que o médico converse com a paciente sobre sua relação com o trabalho.


O tratamento para a síndrome de burnout envolve terapia e prescrição de medicamentos antidepressivos.


O médico também pode recomendar técnicas de relaxamento e meditação para ajudar no controle do estresse. 


Riscos de trombose e a saúde da mulher


Em resumo, a trombose é uma condição causada por um coágulo que prejudica ou bloqueia o fluxo sanguíneo. 


O coágulo ainda pode se soltar e chegar até algum órgão, aumentando ainda mais a sua gravidade, podendo causar a morte da paciente. Os principais sintomas são:


  • Vermelhidão e calor na região afetado;
  • Dor no local;
  • Sensação de peso;
  • Inchaço onde se formou o coágulo;
  • Rigidez da musculatura.


Apesar de também ter incidência em homens, ela é mais comum nas mulheres por conta dos fatores de risco característicos do público feminino.


Um desses fatores é a gravidez porque durante a gestação há alterações na circulação do sangue por causa do crescimento do útero. Neste caso, o maior risco é a formação de coágulos nos membros inferiores.


O outro fator de risco é o uso de pílulas anticoncepcionais que podem afetar os anticoagulantes naturais do organismo. Dessa forma, o sistema circulatório fica mais propenso a desenvolver coágulos. 


Estes riscos podem aumentar quando associados a outros fatores como o sobrepeso, tabagismo, varizes e sedentarismo.


Por isso, é importante orientar as pacientes a levar uma vida saudável, com alimentação adequada e prática de exercícios como medidas de prevenção à trombose.


Como contribuir para a saúde da mulher?


Além de oferecer um atendimento de qualidade, existem outras formas do médico contribuir com a saúde da mulher.


A principal delas passa pelo entendimento dos problemas de desigualdade que ainda existem em nossa sociedade. 


Afinal, sabemos que eles podem causar o agravamento de diversas condições de saúde, como vimos no caso da síndrome de burnout.


Por isso, é fundamental adotar o atendimento humanizado como um padrão da clínica. Isto significa ouvir as queixas da paciente de forma empática e sem julgamentos.


Este aspecto é de extrema importância para criar uma relação de confiança em que a paciente se sinta confortável para expressar o que está ocorrendo em torno de seu quadro clínico.


Dessa forma, o profissional consegue avaliar de forma mais precisa os fatores de agravamento e encaminhá-la a outros profissionais se for o caso.


O profissional também pode contribuir oferecendo informações de qualidade sobre os riscos de saúde mais comuns entre as mulheres. 


Ou seja, orientá-las sobre as medidas de prevenção desses problemas, falar da importância de consultar um ginecologista para escolher o método contraceptivo mais adequado.


É preciso incentivar a saúde da mulher


Acima de tudo é fundamental que os profissionais da saúde também estejam engajados nas campanhas de promoção da saúde da mulher.


Principalmente daquelas que incentivam os exames regulares para a detecção precoce dos tipos de doenças mais predominantes entre as mulheres, tais como:


  • Câncer de mama;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Osteoporose;
  • Mioma uterino;
  • Depressão.


Para todas essas condições existem campanhas de conscientização que informam sobre os cuidados necessários para evitá-las e o que fazer em caso de um diagnóstico positivo.


Desse modo, uma forma de incentivar a saúde da mulher é divulgar essas campanhas com as suas pacientes.


Afinal, a informação é um dos passos mais importantes tanto para prevenção das doenças, como para estimular um estilo de vida mais saudável.


Como vimos, a questão da saúde da mulher está ligada às lutas de diversos movimentos sociais pela assistência integral à saúde, sem se limitar à maternidade. Gostou do conteúdo? Então, que tal conhecer um pouco mais sobre a Feegow? Clique aqui e confira os recursos de nosso software de gestão de clínicas!

Perguntas frequentes:

O que é saúde da mulher?

É o conceito que torna evidente as diferenças que existem nos cuidados de saúde voltados para o público feminino.

Quais cuidados são importantes para a saúde da mulher?

Cuidados relacionados à alimentação, saúde mental, métodos contraceptivos, gestação e menopausa.

Como contribuir para a saúde da mulher?

Oferecendo um atendimento humanizado e de qualidade e divulgando as informações sobre os fatores de risco aos quais as mulheres estão mais expostas.