A medicina baseada em evidências é uma abordagem dos serviços de saúde que integra o melhor das pesquisas científicas, sem deixar de lado a importância da experiência dos médicos.
Como a medicina está sempre evoluindo e mudando, é difícil afirmar que uma conduta médica seja a correta, absolutamente.
No entanto, a medicina baseada em evidências se propõe a diminuir as incertezas dos médicos na tomada de decisões.
Para implementar essa filosofia, o profissional precisa se tornar um consumidor crítico das informações científicas de sua área.
Ele também precisa se desenvolver em metodologias de pesquisa e de formulação de questões clínicas.
Se você deseja saber o que é a medicina baseada em evidências para implementá-la em sua clínica, continue a leitura desse texto e descubra mais sobre a abordagem!
É o uso das melhores evidências das pesquisas clínicas para orientar a tomada de decisões sobre as condutas médicas. A ideia é exercitar a racionalidade para analisar de forma crítica as informações científicas a fim de melhorar a qualidade da assistência.
Alguns autores afirmam que, na verdade, a medicina baseada em evidências nada mais é do que a própria medicina contemporânea.
Ou seja, sabemos que a medicina é uma atividade milenar que evoluiu ao longo da história. De modo que suas práticas no passado eram muito diferentes do que são hoje.
Antigamente, os médicos baseavam decisões em suas próprias crenças, observações, experiências e na tradição. Com isso, o cuidado com o paciente era envolto em muita subjetividade.
Com o grande avanço da ciência no século XVIII, esse aspecto da medicina começou a mudar. Assim, o primeiro ensaio clínico controlado da era moderna foi realizado pelo médico escocês James Lind, em 1747.
Ele realizou um experimento com doze marinheiros para descobrir o melhor tratamento para o escorbuto. O médico separou os marinheiros em duplas e aplicou uma intervenção diferente para cada uma delas.
Então, ele comparou os resultados de cada grupo e observou que aqueles que comeram frutos cítricos durante a viagem se recuperaram, enquanto os outros não.
O sucesso desse experimento é considerado um marco histórico da medicina baseada em evidências. No entanto, o termo foi cunhado apenas recentemente, nos anos 1990, pelo professor Iain Chalmers.
A medicina é uma prática que gera muitas incertezas nos profissionais, pois não se trata de uma ciência exata. Ao mesmo tempo, ela é crucial para salvar vidas e gerar bem estar para as pessoas.
Então, se analisarmos a etimologia da palavra “medicina”, veremos que ela se origina do termo em latim “mederi”, que significa “escolher o melhor caminho”.
Portanto, a importância da medicina baseada em evidências está em responder a seguinte pergunta: Como escolher o melhor caminho para a saúde do paciente em meio a tantas incertezas?
A resposta a essa pergunta nasceu do trabalho de um grupo de médicos, entre eles o Archie Cochrane, Iain Chalmers e David Sackett.
Eles integraram métodos da epidemiologia com a pesquisa clínica para obter uma base sólida capaz de diminuir as incertezas na tomada de decisões sobre as condutas médicas.
Entretanto, esta abordagem não defende que os médicos dependam exclusivamente das evidências.
A medicina baseada em evidências possui três pilares:
Sendo assim, outro aspecto importante é que a partir desses três pilares, os médicos podem escolher as opções de tratamento e intervenção de acordo com o contexto do paciente.
Por exemplo, diante de um problema no joelho, talvez a melhor opção para um jogador de futebol seja operar para que a recuperação seja mais rápida e ele volte a jogar.
Já outro paciente que não precise de uma solução tão rápida, talvez seja mais adequado investir apenas em fisioterapia.
Como você sabe, a atenção primária é a porta de entrada dos pacientes ao sistema de saúde.
Na maioria dos casos há a resolução dos problemas dos pacientes já neste primeiro nível de atenção.
Quando isso não é possível, a atenção primária é responsável por encaminhar os pacientes a outros níveis de atenção.
Geralmente, as decisões sobre o diagnóstico e encaminhamento dos pacientes são feitos com base em consensos da comunidade médica.
O problema é que esses consensos se cristalizam no tempo e não acompanham o desenvolvimento da ciência médica.
Com a medicina baseada em evidências, a atenção primária se mantém atualizada quanto às novas descobertas.
Desse modo, tanto a resolubilidade da própria atenção primária aumenta, como os encaminhamentos são mais precisos.
Ou seja, baseando-se em estudos científicos, os médicos da atenção primária contam com mais recursos para decidir para qual especialidade os pacientes precisam de encaminhamento.
A medicina baseada em evidências preconiza o uso da racionalidade para aproximar as pesquisas científicas ao caso que o médico está lidando. Neste sentido, existem seis elementos básicos que o profissional deve observar em sua prática:
Trata-se do processo de anamnese e realização de exames que todos os médicos já estão acostumados a fazer.
Aqui, o processo começa a ficar diferente, pois em vez de partir para uma hipótese de diagnóstico, o profissional deve elaborar uma questão baseada nos problemas do paciente.
A questão que o médico formulou irá conduzir sua pesquisa na literatura científica disponível. Para isso, ele deve conhecer as fontes mais confiáveis e ter um método de pesquisa eficiente.
Depois de coletar as informações, é hora de avaliar sua qualidade e a força das evidências. Ou seja, em que medida elas apoiam ou negam a aplicação de uma determinada conduta?
Neste elemento, o médico exercita o seu raciocínio clínico para concluir a probabilidade daquela conduta ser aplicável ao caso do seu paciente.
Ao final do processo, o profissional já está em condições de tomar uma decisão, considerando sua própria experiência clínica e as preferências do paciente.
As principais barreiras encontradas ocorrem devido à dificuldade em acessar os estudos mais atuais da área. Vale ressaltar que há a necessidade da compra para grande parte dos artigos científicos.
Além disso, a maioria deles está em inglês, o que pode ser um obstáculo para quem não domina o idioma.
Contudo, a barreira mais difícil de superar está ligada à tendência humana de basear seu conhecimento em crenças.
Foi assim que nós evoluímos enquanto espécie, pois a capacidade de formular crenças possibilitou que um grande número de pessoas se agrupassem, tornando-se assim mais fortes.
Por isso, mesmo no exercício de uma profissão que exige muitos anos de estudo, os médicos estão sujeitos a formar crenças a partir de bases menos sólidas que as evidências.
Como por exemplo, o conhecimento por autoridade, quando alguém que supostamente sabe mais afirma algo. Ou ainda, o fenômeno do viés de confirmação em que a pessoa se lembra apenas dos casos que confirmam a sua crença.
Por outro lado, o pensamento racional não é um processo natural e sim algo que precisa de prática e treino. Acontece, que isto exige um tempo que muitos profissionais não têm.
Para implementar a medicina baseada em evidências, você precisa garantir o acesso à bases de dados médicos confiáveis, tais como a Pubmed, Medline, Scielo, Cochrane Library, entre outros.
Você também deve estudar as metodologias de formulação de perguntas clínicas, que geralmente possuem componentes representados por acrônimos. Por exemplo, o PICO, o SPICE e o SPIDER.
As perguntas podem se relacionar aos fatores de risco, precisão dos testes diagnósticos, efeitos do tratamento e aos prognósticos.
Sobretudo, lembre-se que as pesquisas levantam evidências originadas em estudos aplicados em grupos de pessoas. No entanto, cada paciente possui características únicas, além daquelas compartilhadas com outros indivíduos.
Por isso, trace alguns limites na aplicação dos resultados de um estudo na solução do problema do paciente.
Neste sentido, o professor Antônio Lopes propõe que os médicos se façam as seguintes perguntas no exercício da medicina baseada em evidências:
Por fim, integre as pesquisas relacionadas aos problemas de seus pacientes a um programa de formação continuada.
Assim, você se mantém atualizado e ao mesmo tempo aproveita os conteúdos para solucionar os casos em que está trabalhando.
Como dissemos, o tempo é uma das principais barreiras na implementação da medicina baseada em evidências.
Sabemos que os médicos gastam muitas horas com tarefas burocráticas e administrativas. Alguns chegam a dedicar mais de 25 horas semanais com papelada.
Imagine se parte desse tempo fosse destinado às pesquisas por evidências. Certamente, a assertividade dos diagnósticos e tratamentos iria aumentar.
É neste ponto que a Feegow entra como uma aliada na medicina baseada em evidências. Isso porque o nosso software oferece os recursos necessários para a otimização da rotina médica.
Com a funcionalidade do prontuário eletrônico, por exemplo, você ganha agilidade no preenchimento dos formulários médicos e na busca e leitura dos documentos.
Isso porque todo o processo é digital, o que garante a legibilidade das informações e o acesso instantâneo a elas. Além disso, o histórico clínico é de fácil visualização, pois fica no formato de linha do tempo. Este é apenas um dos recursos que te ajudam a ganhar tempo. Se você quer saber outras formas de como a tecnologia pode descomplicar a sua rotina, então baixe o nosso e-book sobre automatização de clínicas e aumente a sua produtividade!
É o uso das melhores evidências da pesquisa clínica para orientar a tomada de decisões sobre as condutas médicas.
Identificação dos problemas relevantes do paciente, conversão dos problemas em questões clínicas, pesquisa eficiente nas fontes de informação, avaliação da qualidade dessas informações, conclusão correta sobre o significado das informações e aplicação prática das conclusões.
Garanta o acesso a bancos de dados médicos de qualidade, estude metodologias para a formulação de perguntas clínicas a partir dos problemas dos pacientes e analise criticamente a aplicabilidade das evidências de acordo com o contexto de seu paciente, considerando sua própria experiência clínica.