Avaliar o desempenho de uma clínica ou consultório exige consistência e regularidade. Só é possível colocar esse cenário em prática com o apoio de bons indicadores.
A margem EBITDA é um dos parâmetros que ajuda a compreender o momento de uma empresa, especialmente no que se refere à saúde financeira.
Com o uso deste indicador-chave em clínicas, é possível identificar a necessidade de ajustes na operação e, ao longo do tempo, a efetividade das decisões gerenciais.
O significado da sigla EBITDA já oferece pistas sobre do que se trata o indicador. Em inglês, o termo quer dizer:
Earning
Before
Interest
Taxes
Depreciation and
Amortization.
Quando traduzida para o português, a expressão se torna LAJIDA, ou seja, Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
De forma mais detalhada, o EBITDA revela o lucro de um negócio baseado apenas nos resultados operacionais, sem considerar juros, impostos, depreciação e amortização.
Esses elementos, embora sejam importantes para uma análise financeira completa, não estão diretamente associados à capacidade da empresa em gerar lucro.
São dois indicadores que podem se desdobrar a partir desse conceito:
Tanto o EBITDA quanto a margem EBITDA são importantes e, quando ambos são usados em conjunto, a gestão tem um panorama mais apurado sobre a eficiência operacional do negócio.
Em clínicas médicas, esses indicadores mensuram se a receita com consultas e procedimentos permite que a geração de caixa seja maior do que as despesas.
Além de apoiar os gestores na tomada de decisão, a margem EBITDA também facilita a análise dos possíveis investidores.
Empresas de capital aberto, ou que têm intenção de atrair investimentos, precisam disponibilizar esse indicador ao mercado. É uma forma de assegurar a competência da gestão financeira e operacional.
Agora que já está mais claro o que é margem EBITDA e qual a sua importância, vamos partir para a prática!
O ponto de partida para o cálculo do EBITDA é ter acesso à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), em que constam as informações necessárias. Esse relatório faz parte dos arquivos de contabilidade da empresa.
Com a DRE em mãos, aplique as seguintes etapas:
Até aqui, chegamos ao resultado do EBITDA. Agora, vamos calcular o percentual que se refere à margem EBITDA:
Ficou confuso de entender? Veja, a seguir, o exemplo de um possível cenário mensal em uma clínica médica.
Cálculo do EBITDA
R$38.000 (lucro líquido) + R$5.700 (despesas com impostos e tributos) + R$1060 (depreciação) + R$650 (amortização) – R$1200 (receita com aplicação de capital) = R$44.210 (EBITDA)
Cálculo da margem EBITDA
R$44.210 (EBITDA) / R$135.000 (receita líquida) = 32,74% (margem EBITDA)
Um ponto importante é que o resultado da margem EBITDA deve ser, obrigatoriamente, menor do que 1. A explicação é bastante lógica: uma empresa não pode gerar lucro maior do que a própria receita.
Há chance de se chegar a um percentual negativo. Esse resultado é um sinal de alerta e precisa ser avaliado com atenção, porque mostra prejuízo na operação do negócio.
Os números precisam de contexto para que ganhem valor estratégico; com a margem EBITDA acontece o mesmo. Assim, a primeira coisa a ser feita é interpretar o que está por trás do percentual.
Com o resultado de EBITDA robusto, pode parecer que a empresa está em uma situação bastante favorável. Mas, se esse valor for muito menor do que a receita líquida, ou seja, se a margem for baixa, percebemos que existe uma demanda por melhorias.
Vamos simular alguns números para que você possa visualizar as informações:
Em um determinado mês, uma clínica médica alcançou receita líquida de R$280.000 e EBITDA de R$52.000. Dessa forma, a margem EBITDA para o período foi de 18,5%. Apesar do desempenho positivo, a gestão precisa se questionar: há espaço para superar esse resultado? O indicador de 18,5% está coerente com o mercado?
Calcular a margem EBITDA com base apenas nos resultados de um período pode não ser o suficiente. A avaliação de indicadores necessita de bases comparativas, por isso é fundamental realizar os cálculos constantemente.
Se considerarmos que a clínica médica do exemplo anterior reuniu dados dos últimos 12 meses, o panorama de análise fica amplo. A partir dos relatórios, é possível observar que a margem EBITDA variou entre 17% e 20% nos últimos quatro meses, depois de sofrer uma queda de quase 10%.
Nesse sentido, quais mudanças internas ou externas podem ter influenciado a queda? Há como recuperar o índice anterior? Essa é uma oscilação pontual ou que pode se repetir anualmente? Essas são algumas reflexões sobre as quais a gestão deve se debruçar.
A comparação da margem EBITDA pode se estender também à concorrência. Isso só é possível porque, em 2012, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) criou a padronização para cálculo do EBITDA.
Assim, tornou-se uma prática comum confrontar os indicadores entre negócios que atuam no mesmo segmento.
No contexto das clínicas e consultórios, a margem EBITDA tem grande utilidade. A equipe responsável pela gestão da empresa deve estabelecer o intervalo de análise do indicador, dedicando-se a um estudo comparativo de períodos anteriores e concorrência direta.
Alguns pontos interferem diretamente no lucro de estabelecimentos de saúde:
Como o objetivo da margem EBITDA é o lucro operacional, devem ser priorizados ajustes que, no dia a dia da empresa, reduzam despesas e tenham potencial para incrementar as receitas. A assertividade das decisões fica evidente nos relatórios seguintes.
A margem EBITDA deve integrar um grupo de indicadores que avalia o desempenho do seu negócio. Como cada dado se concentra em um fator da empresa, é o conjunto que permite uma análise mais substancial.
No caso do EBITDA, as receitas e despesas no cálculo são apenas operacionais. Isso significa que não entram nesse indicador possíveis dívidas assumidas pela empresa. Mas isso pode ser de grande impacto para a gestão financeira do negócio, principalmente em razão dos juros. Então, não há como ignorá-lo!
A definição de indicadores pode ser bastante particular, mas há algumas variáveis que atendem clínicas e consultórios de forma geral. Veja algumas sugestões:
Ticket médio
Aponta o valor médio que cada atendimento rendeu para a clínica durante o período. É calculado dividindo o resultado do faturamento pelo número total de serviços prestados.
Margem de contribuição
Deduz as despesas necessárias para realizar cada atendimento do valor que a clínica cobra do cliente, identificando qual é a margem de lucro.
Tempo médio de atendimento e espera
De caráter qualitativo, esses indicadores estão associados à experiência do paciente na clínica e à eficiência dos profissionais no atendimento.
Dívida líquida
Esse é o valor da dívida de uma empresa, considerando empréstimos e financiamentos. Ao dividir a dívida líquida pelo EBITDA, você pode identificar a capacidade de um negócio em pagar o que deve a partir do seu lucro operacional.
Para finalizar, estabeleça metas de avaliação de performance da sua clínica médica. Faça pesquisas de mercado, identifique a sua capacidade interna e determine quais seriam os resultados esperados para cada indicador.
Também é importante lembrar-se de que os indicadores de desempenho e a gestão financeira são apenas parte da administração da clínica. Um negócio sustentável, com atendimento de excelência, une vários instrumentos dentro da sua estratégia.
Quero aprender sobre gestão financeira de clínicas!
A margem EBITDA é o percentual que relaciona o lucro operacional com a receita líquida de uma empresa.
Mostra a capacidade da clínica em gerar lucro com base apenas nos serviços prestados: consultas, exames, procedimentos, entre outros.
A partir desse indicador, é possível comparar resultados até mesmo com a concorrência e tomar a decisão de ajustes operacionais para aumentar o potencial de lucro.