08 Março 2022

Como funciona a gestão compartilhada em Saúde e quais são os ganhos?

A gestão compartilhada em Saúde é um modelo alternativo de administração de organizações de saúde.


Sua proposta é descentralizar o poder na tomada de decisões por meio da participação dos colaboradores.


Esse modelo de gestão vem sendo utilizado em diversas instituições de saúde pública, apresentando bons resultados na qualidade dos serviços.


Quer saber mais sobre este modelo de gestão? Então continue a leitura deste texto e descubra como ele funciona e quais suas vantagens!


O que é gestão compartilhada em Saúde?


É um modelo de gestão em saúde que se contrapõe ao paradigma de hierarquias no gerenciamento das instituições de saúde.  Ou seja, em vez de uma lógica vertical de poder em que a palavra final vem de cima, a gestão compartilhada funciona de forma horizontal.


Isso significa que os diferentes atores da organização participam democraticamente dos processos de gestão.


Portanto, existe um compartilhamento de responsabilidades que se materializa por meio de espaços de negociação e diálogo entre os trabalhadores.


Para ficar mais claro, podemos imaginar o modelo tradicional de gestão como uma pirâmide na qual:


  • O topo representa os cargos mais altos da hierarquia: sócios e diretores;
  • O meio são as posições intermediárias: gestores, gerentes e supervisores;
  • A base é a força de trabalho: médicos, enfermeiros, recepcionistas, etc.


No modelo de gestão compartilhada, por outro lado, o organograma é esquematizado de forma circular, com ênfase em uma coordenação horizontal dos serviços. 


A ideia é aproximar os colaboradores do produto final de seu trabalho, o que não acontece de maneira clara nos modelos tradicionais de gestão.


Além disso, o modelo visa aumentar a qualidade dos serviços prestados, criando unidades de produção com autonomia suficiente para adotar protocolos assistenciais mais aderentes às necessidades da população.


Por que fazer uma gestão compartilhada em Saúde?


A principal razão de fazer uma gestão compartilhada em Saúde é a maior precisão das soluções propostas por esse modelo, pois elas partem daqueles que vivenciam a operação cotidianamente.


Dessa forma, as pessoas que decidem por uma mudança de processo, por exemplo, são as mesmas que sentirão os impactos dessa decisão.


Com isso, aumenta o envolvimento dos colaboradores em suas próprias atividades, pois eles possuem uma visão ampla sobre o que determina que uma ação seja executada de uma forma ou de outra.


Ao mesmo tempo, o engajamento e a satisfação em relação ao trabalho aumenta, porque os colaboradores sentem-se motivados com seu papel mais ativo na organização.


Para dar um exemplo, podemos observar um estudo de caso realizado pela pesquisadora Aline Torres da UFRGS em sua dissertação de mestrado.


Ela analisou uma unidade de atenção primária de Porto Alegre que utiliza o modelo de gestão compartilhada. Uma das entrevistadas que teve seu nome mantido em sigilo afirma que a divisão de tarefas facilita, para o sentimento de pertencimento ao processo de decisão da empresa, aumentando assim o comprometimento com as atividades.


Uma fala como essa demonstra o quanto a forma de organização de uma instituição influencia na postura de seus colaboradores.


A seguir, falaremos com mais detalhes sobre o funcionamento desse modelo de gestão. Acompanhe!


Como funciona a gestão compartilhada em Saúde?


A gestão compartilhada se organiza em comissões de colaboradores que podem representar os setores da empresa ou temas específicos como capacitação, administração, vigilância em saúde, etc.


Uma das exigências da gestão compartilhada é que cada profissional participe pelo menos de uma das comissões.


Cada comissão possui autonomia para decidir sobre sua área de atuação. Para isso, eles se reúnem periodicamente para debater sobre as demandas da organização no contexto de sua comissão.


Assim, as comissões elegem os representantes que ajudam a conduzir as reuniões. Essa não é uma função de liderança, mas de mediação das deliberações.


Além dos espaços de discussão de cada comissão, existe um espaço para debater os assuntos gerenciais em que os representantes de cada grupo trocam informações e experiências.


Dessa forma, é possível manter uma agenda estratégica que segue a visão que a equipe como um todo compartilha.


3 vantagens da gestão compartilhada em Saúde


1. Gestão menos complexa


Com a gestão compartilhada, o processo gerencial se torna menos complexo. Isso porque a responsabilidade em tomar as decisões não fica a cargo de uma pessoa só.


Dessa forma, o esforço em gerenciar os processos de cada setor se divide entre diversos atores. 


2. Decisões mais precisas


Nesse modelo de gestão quem decide sobre os processos e protocolos são os colaboradores que estão em contato direto com a operação.


Portanto, são as pessoas mais indicadas para saber o que funciona ou não na realidade. Assim, as decisões tendem a se alinhar com maior precisão às condições da empresa.


3. Aumento na qualidade dos serviços


A participação dos colaboradores nos processos decisórios aumenta o seu comprometimento com os resultados.


Afinal, são eles mesmos que determinam as metas e objetivos de seu setor. Logo, sua responsabilidade é maior, pois o sucesso da organização depende tanto das decisões corretas quanto da execução dos serviços. 


A gestão compartilhada em saúde comum no setor público, porém existem algumas empresas privadas que também seguem esse modelo.


Um exemplo, é a empresa holandesa Buurtzorg, especializada em home care, que chamou a atenção internacional por causa de sua eficiência ao utilizar esse modelo.


A empresa utiliza um sistema de autogestão, sem hierarquia. Cada time de profissionais é livre para organizar o fluxo de trabalho de acordo com a realidade do bairro que atende.


Os profissionais contam com a ajuda de funcionários de back office que resolvem todas as questões burocráticas e regulatórias. Assim, eles podem focar sua atenção totalmente nos pacientes.


Em 2007, a empresa começou com um time de quatro profissionais. Hoje, já são 10 mil enfermeiros que atendem mais de 70 mil pacientes por ano.


O caso da Buurtzorg mostra que a gestão compartilhada é viável, mesmo para o setor privado de saúde.


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Perguntas frequentes:

O que é gestão compartilhada em Saúde?

É um modelo de gestão em saúde que propõe um modelo horizontal no processo de tomada de decisões em que todos os colaboradores participam sem hierarquia.

Como funciona a gestão compartilhada em Saúde?

Os colaboradores se organizam em comissões que tomam decisões de acordo com um setor ou tema específico da empresa.

Quais são as vantagens da gestão compartilhada em Saúde?

A gestão se torna menos complexa do que no modelo tradicional, as decisões são mais precisas e os colaboradores se comprometem mais com os resultados por causa da responsabilidade compartilhada.