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O que são eventos adversos e como evitá-los nos hospitais?

Escrito por feegowclinic | 18 Abril 2023

Os eventos adversos podem acontecer na rotina e gerar circunstâncias de risco ao paciente. 


Existem diversos fatores para serem avaliados, como a administração de medicamentos, a higienização do centro cirúrgico, a relação médico-paciente, entre outros. 


Neste conteúdo você verá tudo o que envolve esse tipo de erro médico, qual a importância da notificação de eventos adversos, como ter uma gestão de risco controlada, e muito mais. Continue a leitura e confira! 


O que são eventos adversos?


Os eventos adversos são lesões ou complicações causadas no paciente em decorrência do assistencialismo prestado, seja ele o diagnóstico, tratamento ou internação. 


Trata-se de um conceito mais amplo do que erro médico, pois se caracteriza pelo dano causado ao paciente durante todas as etapas do atendimento. Dito isso, é importante destacar que essa circunstância não tem origem da doença, e sim da conduta humana. 


É isso que a difere de qualquer outra circunstância de risco. Os erros ou quase-erros são interligados a atividade exercida que promove perigo ao paciente. Um exemplo é a negligência. 


Já como exemplo de evento adverso, podemos citar o desenvolvimento de uma infecção no paciente por falta de esterilização do material utilizado pelo médico. 


Caso o paciente desejar, ele pode abrir um inquérito para averiguar a conduta do profissional. Se for comprovada a falha na conduta, o médico pode perder o registro profissional, pagar indenização e deixar a clínica manchada no mercado. 


O assunto é urgente, já que esse erro médico é uma das dez principais causas de morte e incapacidade no mundo. 


Esse é um dado da OMS, que também revela que mais de 2,5 milhões de pessoas morrem anualmente por conta desse tipo de imprudência médica. Essa estatística está ligada aos países emergentes, que apresentam 134 milhões de casos por ano. 


Por isso, é tão importante que você esteja aqui procurando saber mais sobre esse assunto e aprenda medidas de como evitar os eventos adversos. 


Exemplos de eventos adversos


O primeiro ponto para ficar atento é a questão dos medicamentos. Considera-se um evento adverso quando há uma administração ou dosagem medicamentosa errada. Para que isso não ocorra, siga a regra dos 9 certos:


1. Paciente certo;


2. Medicação certa;


3. Dosagem certa;


4. Via certa;


5. Horário certo;


6. Registro certo;


7. Abordagem certa;


8. Forma farmacêutica certa;


9. Monitoramento certo.


Outra questão é a relação médico-paciente. Quando não há tato e delicadeza para lidar com o doente, casos como agressão e lesão por pressão podem ocorrer. Como solução, pratique sempre o atendimento humanizado. 


Além disso, outros cuidados devem existir na rotina médica. As quedas de pacientes ou visitantes, assim como danos causados por má manipulação de objetos perfurocortantes por parte de colaboradores também são considerados eventos adversos. 


Portanto, treine bem sua equipe, ensine a importância de uma boa condução dos doentes, assim como as consequências que um erro desses pode causar. Tudo isso ajudará a diminuir o número de casos na sua clínica. 


Classificação dos tipos de eventos adversos


O Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas (CIOMS), encabeçado pela OMS, definiu os tipos de eventos adversos baseados em 5 categorias. Confira abaixo quais são elas: 


Previsibilidade


Quando o dano está relacionado a algo descrito na literatura, bula, brochura do investigador ou no protocolo de estudo, esse é considerado um evento adverso previsível. 


Já aqueles inesperados, é definido como todo ocorrido que não está descrito, mesmo que este seja em decorrência de algum sintoma e fisiopatologia sabida. 


Frequência


A frequência é basicamente a quantidade de vezes que acontece determinado evento adverso. É possível calcular sua porcentagem de acordo com a quantidade de ocorrências ÷ quantidade de atendimentos. Posteriormente, multiplica-se o valor por 100, para assim encontrar a porcentagem. 


Para entender a relação da frequência, basta verificar:


  • Muito comuns: maior ou igual a 10%;

  • Comuns: entre 1% e 10%;

  • Incomum: entre 0,1% e 1%;

  • Raros: entre 0,01% e 0,1%;

  • Muito raros: menor que 0,01%. 


Gravidade / Intensidade


A intensidade das ocorrências também é um tipo de evento adverso. Ela é dividida em quatro etapas: 


  1. Leve


De curta duração, e normalmente não requer um tratamento específico. Ela não apresenta circunstância de risco substancial, e por isso não afetam de forma integral a vida do paciente. 


  1. Moderada


Quando o paciente apresenta uma alteração na sua atividade normal, o que resulta em incapacidade transitória. Ela não provoca sequelas e nem necessidade de suspender o fármaco agressor. Porém, acarreta em hospitalização ou no seu prolongamento, atenção em serviço de urgência, ou atestado médico. 


  1. Grave


O evento adverso grave é definido como aquele que tem potencial de fatalidade. Ele resulta em incapacidade permanente ou significativa. Por isso, requer a interrupção do tratamento, hospitalização ou prolongamento, ou intervenção para prevenir sequelas. 


  1. Letal. 


Por último, o tipo letal é aquele que contribui direta ou indiretamente ao óbito do paciente. 


Causalidade


Esse é um tipo de evento adverso ligado à farmacologia. Seguindo a categorização da OMS, a casualidade é dividida em 6 tipos. São eles:


Tipo de causalidade Definição
Definida Quando o paciente apresenta alguma anomalia, não ligada a doença, em um período plausível após a administração do medicamento ou substância química.  Deve existir uma definição farmacológica e realizar o procedimento de reintrodução, caso necessário. 
Provável Quando o paciente apresenta alguma anomalia, provavelmente não ligada a doença, medicamento ou substância química. Deve apresentar uma resposta clínica satisfatória após a suspensão do medicamento. Reintrodução não é necessária. 
Possível Quando o paciente apresenta alguma anomalia durante o período de administração do medicamento ou substância química. Porém, ela também pode aparecer em decorrência de uma doença concomitante ou outro medicamento. Por isso, as informações sobre a suspensão do tratamento podem ser ausentes. 
Improvável Quando o paciente apresenta anomalias não ligadas ao período de administração do medicamento. Isso torna a relação improvável, necessitando de investigação sobre outros medicamentos, substâncias ou doenças subjacentes. 
Condicional Quando o paciente apresenta uma reação adversa, sendo necessários testes para levantar dados que definem a causa. 
Não-classificável Quando as informações sobre as anomalias causadas no paciente são contraditórias ou insuficientes, e não podem ser completadas ou verificadas. 


Seriedade 


A seriedade de um evento adverso é classificada como resultados que definem qualquer experiência com fármacos, produtos biológicos ou dispositivos, que geram os seguintes desfechos:


  • Anomalia congênita;

  • Internação hospitalar ou prolongação;

  • Incapacidade persistente ou significativa;

  • Risco de morte;

  • Óbito. 


Além desses, há também aquele evento considerado não-sério, que se resume em qualquer ocorrência que não preenche os critérios citados acima. 


Aspectos legais


A Resolução nº 36 do Ministério da Saúde tem a responsabilidade de instituir ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. 


Uma delas, como veremos a seguir, é a obrigatoriedade da notificação de eventos adversos, assim como a responsabilidade de comunicar o ocorrido ao paciente e/ou acompanhantes. Confira. 


Monitoramento e notificação


A notificação de eventos adversos é uma obrigação para todo profissional de saúde para manter a segurança do paciente. Ela deve ser comunicada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre qualquer pretensão, mesmo que não haja a confirmação da associação a algum medicamento ou substância química. 


Quando não é feita essa notificação, o órgão não consegue fazer o monitoramento, o que pode acarretar na demora de identificação de sinais de riscos e a subestimação da dimensão do problema. 


Essa é a importância da notificação de eventos adversos, onde toda e qualquer ocorrência deve ser registrada no Sistema de Notificações de Vigilância Sanitária (NOTIVISA). Essa é uma das tecnologias da medicina usada para registrar e processar os dados na ficha de eventos adversos no território nacional. 


Assim, é possível identificar, avaliar, analisar e entender se a circunstância de risco é de nível municipal, estadual, distrital ou federal. 


A Anvisa produziu orientações gerais sobre o sistema de notificação de eventos adversos relacionados à assistência à saúde. Nele, você consegue tirar dúvidas sobre quem deve notificar, como fazer isso e qual a importância dessa ação. 


Responsabilização


A comunicação do evento adverso não fica apenas para a vigilância sanitária. É preciso também que o profissional de saúde informe ao paciente ou acompanhante o relato. Porém, segundo o Instituto Fiocruz, somente 30% dos incidentes são revelados aos pacientes. 


Quando não há essa informação, ocorre o chamado disclosure. Ele é definido, basicamente, como o processo de diálogo entre médico e paciente/familiar. É de direito das pessoas envolvidas saber das ocorrências e medidas posteriores. Portanto, deve-se ter essa responsabilidade de comunicação. 


Além disso, os profissionais de saúde também possuem obrigação de desempenhar suas funções com qualidade, competência e cuidado, visando a segurança do paciente. 


Quando acontece um ato ilícito que ocasiona dano ao paciente, o médico deve fazer a reparação do caso e sofrer as consequências devidas (já citadas anteriormente). 


Como evitar eventos adversos nos hospitais?


Evitar os eventos adversos é a prioridade para você que está aqui por se preocupar com a qualidade do atendimento aos pacientes. Por isso, saiba que 50 a 60% desse tipo de erro médico são passíveis de prevenção.


É comum que eles não causem danos permanentes. Todavia, há fatores que intensificam as situações, principalmente quando o paciente apresenta comorbidade, idade avançada e uso de droga. A inexperiência dos profissionais de saúde também podem facilitar o acontecimento adversos. 


Segundo o Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), 4 em cada 10 pacientes sofrem algum tipo de dano durante o atendimento primário ou ambulatorial. Além disso, são gastos anualmente mais de 40 milhões de dólares no mundo por conta dessa imprudência médica. 


Para evitar tudo isso, existem protocolos internos que podem ser instaurados, visando uma boa gestão de risco. Eles vão desde a recepção do paciente até a conduta no centro cirúrgico. Alguns exemplos, são:


  • Identificar o paciente corretamente;

  • Ter um padrão para comunicação e notificação de eventos adversos; 

  • Implementar medidas da vigilância sanitária sobre o armazenamento e administração de medicamentos; 

  • Assegurar a higiene do local, material e do profissional; 

  • Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde;

  • Aplicar cuidados sobre riscos de queda. 


Além disso, a dica dos 9 certos, já informada anteriormente, também é uma boa conduta para se ter sempre.  


Quais as principais ferramentas de gestão de riscos?


Agora que você já conferiu o que é um evento adverso, quais diretrizes de segurança do paciente seguir e a importância da notificação, chegou o momento de saber como fazer uma boa gestão de riscos.  


Para isso, é importante utilizar ferramentas para conter erros médicos. Alguns exemplos, são: 


Depose 


Esse é um termo que representa Design organizacional, Equipamento, Procedimento, Operadores, Suprimentos e materiais, e Ecologia/Meio ambiente. Ele foi criado em 1979 para identificar os obstáculos superados após incidente na usina nuclear do condado de Dauphin. 


Basicamente, depois do acontecimento do evento adverso, faz-se uma linha do tempo para identificar quaisquer riscos, falhas ou limitações dos fatores


Por exemplo, em “design”, é visto se todos os profissionais para executar aquela tarefa estavam presentes. Já em “operadores”, mapeia-se quais eram esses profissionais. O descarte correto é um exemplo de “ecologia/meio ambiente”. E assim por diante. 


Essa é uma etapa que pode anteceder a ACR, por exemplo, pois sua única função é identificar se os processos foram cumpridos corretamente e assim ajudar a descartar hipóteses. 


Smart 


Técnica utilizada para estabelecer metas e propostas que gerem soluções e recomendações de um projeto para evitar erros médicos. 


As soluções devem ser sobre as causas identificadas no pós evento adverso. Já as recomendações devem ser específicas, mensuráveis e executáveis. 


Para as metas e propostas, é preciso elencar os responsáveis por cada uma delas, assim como o prazo de conclusão e a previsão de evolução. 


Por exemplo, se um dos objetivos é evitar quedas de pacientes, uma recomendação pode ser passar algum produto para não deixar o piso escorregadio, retirar degraus desnecessários, entre outros. 


Bow Tie 


No diagrama Bow Tie, a equipe médica consegue esquematizar de forma visual e simples de descrever as causas e consequências do evento adverso. Assim, é possível avaliar as ameaças, medidas de prevenção e de recuperação que existem no plano. 


Mas, como você pode perceber, são muitos detalhes que um profissional da saúde deve cuidar para aplicar a segurança do paciente no dia a dia. 


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Perguntas frequentes:

Como classificar eventos adversos?

De acordo com o Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas (CIOMS), os tipos de eventos adversos são: previsibilidade, casualidade, gravidade, frequência e seriedade.

Eventos adversos podem gerar processo criminal?

É possível que pacientes e familiares, e até mesmo o hospital ou clínica, entre com processo penal sobre o profissional que gerou o evento adverso. Esse direito está defendido no art. 935 do Código Civil.

Quais eventos adversos devem ser notificados?

Os eventos adversos devem ser notificados no NOTIVISA sempre que for constatado dano ao paciente causado pela conduta médica. Isso indefere se houve a comprovação de ação medicamentosa, quando de natureza fármaco.